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42. RELATOS DO INVISÍVEL – A ALIANÇA

Foto do escritor: E. J. Eluan JrE. J. Eluan Jr

Atualizado: 1 de ago. de 2021

Monsenir sente-se um tanto traído, enganado por Veothar. Não estava preparado para aquilo. Tinha um misto de medo e louvor pelos meta-humanos e não sabia lidar ainda com a presença de um deles assim, tão de perto. Desajeitado com a própria reação de repulsa pela visão, acaba caindo, tropeçado numas raízes da floresta. E, na tentativa de se equilibrar, fica de joelhos. Sente-se idiota, ajoelhado frente ao meta-humano, tentando ainda fixar o olhar e acreditar no que via enquanto a luz do elmo alumia aos poucos a noite com um azulado turquesa. Se mantém ali, de olhos esbugalhados e boca aberta.





- Um... meta-humano... Por que?... Por que me trouxeste aqui?


Veothar, cego, cansado e fraco, senta-se com certa dificuldade em uma grossa raiz de samaúma ao lado de Anoriah, que permanece em pé, ao lado daquele estranho cilindro flutuante, liso, metalizado, curvado embaixo, de mais de dois metros de altura.


- Ora “por que”... Porque tu és parte da aliança das seis almas, que pode vir a ser de sete.


- Não se preocupe, vim aqui ajudar. – fala Anoriah formalmente, de dentro de seu elmo.


Monsenir fica mais atônito ainda ao ouvir a voz sintetizada pelo uniforme, ali, de joelhos, de um ponto de vista de baixo, tanto da posição física que se encontrava quanto da raça humana sideroniana que era em relação àquelas criaturas filhas de Orion. E mais de baixo ainda se considerar sua surrada autoestima kampfa, tão socialmente e historicamente inferiorizada. Na teia de significados que estava em sua mente, estava em muitos níveis e sentidos abaixo, frente a frente ao que considerava um mito, visto que ainda era algo mal compreendido, quase desconhecido pela racionalidade do coletivo de pessoas com quem conviveu até hoje. E como todo o desconhecido, causava medo e gerava lendas.


- Acalma tua alma e me ouve. Sei que pra ti um meta-humano é uma entidade distante. Para mim também era, até conhecê-lo de outro lado, por uma outra camada de vida. Confia em mim, não são tão diferentes de nós. Te concentra em minhas palavras.


Veothar então passa a relatar parte do que ele, Doutora Eliar, o homem de Zenit que não consegue morrer, Baltazar e Anoriah conversaram na camada invisível na qual reuniram-se. Mas não é um relato normal. São sentidos que penetram fundo à mente, mais do que poderiam as palavras aos ouvidos.


“A descida de um pelotão de Panteon é iminente e uma batalha deve acontecer em Insag por esses dias. Eles já sabem sobre a base sartânia.


Existem conflitos políticos entre os meta-humanos. Um conflito de comportamentos, de interesses, de interpretações sobre a forma como podem perpetuar-se, sobre sua própria sociedade, sobre sua existência... coisas que não podemos entender agora nem conversar. Mas podemos, sabendo disso, justificar a presença de um deles entre nós nesta aliança. E também entender que, dentro do grupo que vai descer a Insag, alguns, como Anoriah, são contra a batalha armada e estão do nosso lado.


Para cada uma dessas 6 mentes, incluindo a tua, há duas coisas em comum, que nos une: salvar Insag e salvar as pessoas que estão lá embaixo. Existem outros interesses, diferentes para cada uma. Mas os principais, que forjam nossa aliança, são estes dois.


Para isso, tenho algo que ninguém tem: o mapa mental da base sartânia, inclusive de suas entradas na superfície.


O plano se baseia em minha entrada na base, guiando outros meta-humanos, enquanto a batalha acontece na superfície. Minha mente estará lá, mas meu corpo ficará nesse cilindro de Onicom, contrabandeado por Anoriah dos porões de Panteon. Este Onicom me levará para outro corpo. O corpo de Baltazar, que está em Amagor, em outro Onicom.


Tu, Monsenir, terás um papel importante. Tu manterás o pacto com os sartânios. Eles vão te procurar em imediato, assim que as energias de felicidade de Insag esmaecerem depois da festa.


E para isso, vamos alterar, aqui e agora, tua memória. Isso é necessário para mantenhas o jogo do pacto com eles e não te trair. Tudo que conversamos agora e tudo que sabes sobre mim se manterá em tua subconsciência e será acessado novamente em teus sonhos. Mas na vigília, estará fora de tua memória consciente, presente apenas em intuições e instinto.


Há outra missão importante tua: proteger a Marieh e a levar para Zenit. Não lembrarás conscientemente disso. Mas isso ficará gravado em teu coração. Teus instintos te levarão a tomar esta decisão. Enquanto salvas a Marieh, eu salvo a Haia lá em baixo.


Tem alguma coisa na Haia que nenhum de nós entende. Assim como na Marieh. Ainda não sabemos porque, mas temos que protegê-las."


 

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