Ali, como um espírito pairando, estava agora em pleno controle de sua consciência. Foi capaz de fazer o mapa mental daquele lugar. Uma cidade inteira a quilômetros abaixo da superfície, abaixo de Insag. Era a base da Aliança Escorpião. Remanescente da guerra, quando havia encontrado seu apogeu, mas agora, decadente, isolada, sem o apoio de outras bases e do comando central de fora do planeta.

Havia uma grande área com pressão e temperatura que simulavam aos da superfície, onde ficavam humanos sideronianos. Eram mantidos em cativeiro, trancafiados em celas, mas com momentos de liberdade em que circulavam em espaço grande mas limitado de convívio: uma grande praça com bosque e lagos artificiais. Perto deles estava Haia, mas em um espaço mais isolado que os demais.
Havia ainda grandes espaços que pareciam laboratórios. Identificou imensos úteros artificiais e tanques de placen, parecidos com estes mesmos equipamentos meta-humanos que chegou a conhecer junto à seus amigos Roedores da Evolução. Ainda havia tecnologias que não conhecia.
A maior parte da base tinha pressão e temperatura controlada para a livre vivência da raça a quem os sideronianos chamaram de sartânios, com inúmeros alojamentos, áreas imensas de circulação, uma cidadela especial que circundava o prédio que imaginava ser o comando central, áreas com uma espécie de vegetação, cultivo, armazenamento... e identificou uma imensa área militar também.
Todas as saídas da base estavam circundadas pelas áreas com pressão e temperaturas modificadas. Os sideronianos tinham então duas barreiras: a cidade dos sartânios, cuja sobrevivência deles sem equipamentos era impossível, e a grande distância até a superfície. Além disso, muitas das saídas se conectavam ao fundo do Mesag, dificultando mais ainda qualquer pensamento de fuga.
Conseguia sentir: aqueles reféns eram controlados rigidamente em suas rotinas. Era uma organização mantida pelo medo, pela impossibilidade da fuga e por mais um motivo de pavor e apreensão: a possibilidade de serem cobaias para os mais diversos experimentos biológicos e genéticos.
Veothar percebia um perfeito controle de sua experiência fora do corpo depois de viajar por tantos lugares e tempos de sua mente. Era capaz de dizer que seus sentidos estavam mais apurados, ao ponto de ter segurança de ter absorvido todo aquele lugar como nenhuma memória o poderia fazer.
E sentiu uma enorme atração em ir até aquela mulher encarcerada em um espaço especial. E ela, de olhos fechados, conseguia vê-lo. E conseguia dizer sem falar:
- Enfim vieste! Esperei por tanto tempo!
- Eu não conheço você.
- És o Veothar. És um dos que pairam sobre a vida mesmo estando vivo. Tu e o homem de Zenit, o que não consegue morrer. Te vi no Tanque de Placen com Dra Eliar, há muitos anos. Ela me escondeu lá, antes de eu me esconder em Insag.
- Quem é você?
- Não podes ficar aqui! Já sabes o que precisavas saber para nos salvar. Eles caçam tua mente. E podem te encontrar aqui. Vais precisar de outro corpo. O teu não vai suportar o que está por vir. Vai e salva Marieh!
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