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34. HÉLIO PRIMITIVO

Foto do escritor: E. J. Eluan JrE. J. Eluan Jr

Atualizado: 21 de mar. de 2021

Veothar viaja dentro de sua mente, sente-se pleno! O tempo todo de vida parece caber no mesmo espaço, na mesma memória. A infância, os avós que o criaram, os pais que não conheceu, os tutores por quem deve sua criação. Sua vida, seus mortos, seus caminhos* por onde trilhou, muitos deles tortuosos, principalmente durante a guerra... tudo cabia naquele momento pleno como uma massa uniforme e nutritiva, sem controle dos pensamentos, sem paredes para a consciência, que viaja aleatoriamente e transversalmente pelas memórias, nem sempre revisitando integralmente da maneira como aconteceram.


Em um desses momentos se vê criança, nas aulas de seu tutor que deu a ele os primeiros passos nas ciências, falando de coisas que deveriam, em verdade, ser de disciplinas da “espiritualidade”.


- O Hélio Primitivo, Samir. O Hélio Primitivo é tudo que flui entre você e as estrelas. E entre você e seus átomos. Ele flui! E não há uma via só. Não é ação e resposta, não é de fora pra dentro, não é de um para outro, não é uma direção, um sentido. Flui. De todos, para todos, para tudo. Todos e tudo está mergulhado. Estrelas, planetas, pedras, vida, pessoas, mares, frutas, células, moléculas, átomos, prótons, estrelas, elétrons, planetas. Um mar universal onde tudo está imerso, trocando com essa água nutrientes e impurezas numa pulsação contínua e ininterrupta. A mesma energia que você recebe, você também emana. As vezes, você precisa mais receber que emanar. As vezes, o universo precisa que os viventes emanem para somar.


Veothar sabia que seu tutor não tinha dito estas palavras na sua infância, apesar de ele não recordar com exatidão. Mas ele viaja dentro de sua alma, se deixa contaminar por aquela plenitude casual, sem freios, comandada por algo que não entendia e nem queria entender.


E se vê velho, na companhia de uma Marieh diferente, reluzente, madura. Vestida como uma grande rainha kampfa, com a simplicidade rústica da floresta e o brilho que só os grandes líderes reconhecidos pelo seu povo têm. É ela quem fala a ele, como uma senhora, uma anciã, invertendo na energia a juventude que ele via na imagem.



- Cada pessoa pode inspirar, pode emanar energia, pode brilhar para que outros sigam sua luz. Alguns tem uma luz mais intensa que outros. Quando um povo inteiro é guiado por uma luz maior, um povo inteiro emana seu hélio primitivo de volta a um Universo necessitado.


Vê agora ela em meio a grande festa de 30 anos da tribo. Todos vestem-se como ela, um símbolo da igualdade entre eles. Tambores são tocados junto à cânticos embebidos de emoção e energia. Muitos dançam, cantam e se deixam envolver por aquela música contagiante. Fogueiras são acesas em piras ao alto, como grandes faróis suspensos em postes rígidos, que também prendem bandeirolas e outros adereços decorativos, assim como estandartes com imagens de ancestrais das 14 casas que vivem na tribo.. Comidas e bebidas à vontade, uma celebração alegre de uma gente que antes era tão sofrida e encontrou um refúgio valioso em meio à guerra do Universo.


Não sabia se aquilo tudo estava acontecendo de verdade, mas ali ele via o que pode-se chamar de Hélio Primitivo, ou energia, ou aura, ou calor humano emanar com força e poder na soma daquele aglomerado de felicidades. Ali, esqueceram seus problemas, suas brigas, diferenças... Mesmo Monsenir estava ali, podia identificar, feliz e radiante, mesmo com todo o peso que tinha nas costas.


E de repente, se vê mergulhar no chão de Insag, atravessando as profundezas da terra com suas raízes e umidade nutritiva trazida pelo Mesag, até que a terra se transforma em rocha, em água, em rocha mais dura ainda e, finalmente, torna-se um teto longo e cavernoso, com paredes frias. Estava na base da Aliança Escorpião. Via a energia de quem ali estava. Sartânios, humanos... Separados por diferentes ambientes, com pressão diferente. Mas também percebeu algo que o surpreendeu: seres híbridos frutos de experiências de cruzamento de de raças da Aliança Escorpião com sideronianos...


E havia algo diferente de todos que estavam ali. Aquela mulher, reconhecia, era uma energia diferente. Não estava sintonizada com ninguém que estava ali. Era reluzente, apesar de triste e desamparada. Não sabia explicar, mas sentia. Reconhecia aquele padrão de energia: era Haia, a mãe de Marieh.


 

* Trecho de uma das músicas contidas na playlist INSAG no Spotfy




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