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3. DEPOIMENTO DE UM ESPÍRITO ERRANTE QUE PAIRA SEM CORPO. O QUE ELE VÊ?

Foto do escritor: E. J. Eluan JrE. J. Eluan Jr

Atualizado: 24 de out. de 2022

De todas as suas qualidades, a que mais me cativa em Marieh é sua inventividade.

Estou em uma condição de existência diferente da sua, livre da carne. Neste planeta pequeno, ela me dá possibilidades que o corpo antes limitava. E delas, a que mais me fascina é a possibilidade de penetrar na alma do homem de Sideron. E em Marieh, sentir a energia de suas criações, além das letras, das tintas, do papel, das palavras, das figuras, da boca, do corpo, da matéria. É um poder. É a alma de Marieh que cria. É a alma do homem que cria. E da criação, nascem universos, personagens, homens, mulheres, mundos, casas, uma nova física, uma outra natureza. O que alguns poderiam chamar de fantasia, eu, em minha existência sem carne, tenho o impulso de chamar de divindade. Todos os homens tem esse poder. São deuses de suas criações. E minha condição me privilegia vislumbrar esses deuses.


Então me volto à minha própria condição e questiono essa existência. O que sou de fato? O que vejo? Sem olhos, sem carne? Que experiências são estas que vivo? Sem leis de tempo, de espaço e de matéria? Sou pura mente, puro espírito, ou puro seja lá o que nos mantém conscientes sem nossos átomos. Como posso penetrar desse modo na existência de Marieh? Ver sua mente criadora nua, sem as paredes da carne ou das palavras? Vê-la deusa...

Eu morri em meu mundo. Recebi uma missão. Vim a Sideron e aqui devo cumpri-la. Esse pequeno pedaço de universo é um espaço onde não vejo nenhum igual a mim, apesar de muitos eu ver em condições energéticas.

Me vejo agora numa posição semelhante a um deus em Sideron, apesar de não me admitir assim. Mas vejo Marieh como deusa de suas criações. Vejo Marieh assim porque consigo ultrapassar as paredes das palavras que ela escreve. Talvez devesse ultrapassar também as barreiras da palavra deus para não me perturbar por ela. Mas não posso simplesmente negar o meu consciente, impregnado das palavras que lhe formaram. E uma delas é deus. Sou um produto de todas as coisas que me falaram um dia, todas as coisas que li, todas as criações dos outros que mergulhei. Livros, ditos, filmes, peças, quadros, artes, sermões, brigas, conversas, anedotas, aulas. Tudo está em mim. Vivi, morri e me transportei no espaço para este mundo pequeno, e todas essas palavras que li e ouvi na vida vieram comigo.

E se toda essa minha consciência for fruto das coisas que li, vi, ouvi, senti, toquei... Se a minha mente é um aglomerado de textos, então o que sou eu agora? Um eco de minha consciência vivente? Meu estágio pós-morte é uma alucinação, onde não tenho mais um cérebro limitante e minha capacidade de criar é infinita? Criei em meu consciente Sideron? Criei Marieh? Criei os meta-humanos, a Cidade Suspensa, a tribo Insag como fruto de uma ressonância de tudo que li em vida? Eu seria um deus, assim como Marieh, enquanto consciência que criou tudo isso que vejo agora?... Mas e a minha missão aqui? O que ela é?

Eu lembro de Ingrid vividamente. Eu devo salvá-la. Esse pequeno planeta é parte dela.

Existe uma energia pulsante onde Sideron é mergulhada. Onde todo este universo flutua. Eu a vejo, como nenhum espírito vivente ou não-vivente vê. Uma água onde tudo está mergulhado. Talvez os espíritos de Sideron e de todo esse universo chamem esta “água” de Deus. Mas para mim, a palavra carrega muitas outras histórias. Então é melhor não a chamar assim. Apenas vislumbrar essa água. E se o corpo de Ingrid abriga este universo, no corpo de todos há um universo. Quanta divindade! Marieh, eu, Ingrid. Então todo homem é deus. De suas criações e do universo em seu corpo. Aqui eu novamente usando a palavra! Mas ela é o único meio nesse momento.

 

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